Michael Chandler reconhece que lidar com a reputação de “trapaceiro” no UFC não é fácil, mas garante que conhece sua verdadeira essência quando se olha no espelho.
Escalado para o co-evento principal do UFC 314 neste sábado (12), em Miami, o ex-campeão do Bellator enfrentará Paddy Pimblett em uma luta de cinco rounds. As acusações de trapaça começaram a ganhar força após suas derrotas no Madison Square Garden para Dustin Poirier e, mais recentemente, para Charles Oliveira no UFC 309.
Em entrevista ao MMA Fighting, Chandler comentou sobre as críticas.
“Essa narrativa é complicada, cara. A maioria das pessoas não me conhece de verdade. Se você não faz parte do meu círculo íntimo, não sabe quem eu sou longe das câmeras. Sempre vão existir suspeitas de que sou um personagem na frente das lentes, mas outra pessoa fora delas. Essas acusações sempre vão surgir” — afirmou.
“Mas eu sei quem eu sou de verdade. Sou um cara que busca fazer o certo, tratar as pessoas com respeito e agir com honra. Então, essa ideia de que sou um trapaceiro me incomoda, mas entendo que faz parte do tribunal da opinião pública”. – completou
Buscando quebrar um tabu no UFC
Chandler possui um cartel de duas vitórias e quatro derrotas no UFC, mas conquistou bônus de performance em cinco dessas seis lutas. Agora, ele busca a primeira vitória em quase três anos, estreando em 2025 com o duelo contra Pimblett.
Na sua última aparição, foi derrotado por decisão unânime por Charles Oliveira, em uma revanche bastante movimentada. No quinto round, chegou perto de um nocaute surpreendente, mas o brasileiro resistiu. Alguns acreditam que parte dos golpes aplicados por Chandler atingiram a nuca de Oliveira — uma infração —, mas o árbitro Keith Peterson não tomou nenhuma atitude na ocasião.
Mesmo assim, as acusações de trapaça voltaram à tona.
“Eu agarrei o protetor bucal do Poirier? Sim, agarrei. Achei que era o queixo dele. Já falei sobre isso. Coisas assim acontecem numa luta. Você acaba agarrando a grade, ou tocando nas luvas do oponente… É parte do que acontece ali dentro” — disse Chandler.
“Na luta contra o Charles, ele cravou o queixo tão fundo na minha órbita ocular que achei que ficaria cego. Isso é ilegal, é uma espécie de “eye gouge”. Ele também agarrou minhas luvas durante uma tentativa de finalização. Essas coisas acontecem. Eu jamais chamaria o Charles de trapaceiro. Quando você está no modo “lutar ou fugir”, o corpo age por instinto. Então é uma narrativa difícil de engolir“.
Pimblett, seu próximo adversário, foi mais leve ao comentar o assunto durante a semana da luta. Ele disse que cabe ao árbitro decidir o que é ou não falta, citando inclusive uma frase recente de Dustin Poirier, que afirmou que teria arrancado os dedos de Chandler se não estivesse usando protetor bucal na luta entre eles, no UFC 281.
Chandler, por sua vez, elogiou a postura de Paddy.
“Respeito o Paddy por não transformar isso em um drama. Acho que, quando um lutador começa a acusar o outro de trapaça, é sinal de fraqueza. Fiquei surpreso mesmo foi com o Justin Gaethje, um cara durão, me chamando de trapaceiro. Aí eu pensei: “Sério isso, cara?” — comentou.
“Enfim, essas coisas acontecem. Os fãs nem sempre vão gostar de tudo que você faz. A maioria não vai gostar de você, de qualquer forma. Então sigo fazendo o que acho certo. Se o árbitro me mandar parar, eu paro. Tem muita coisa que a gente faz ali dentro do octógono sem nem perceber, e é função do árbitro nos orientar.” – completou.