Quais brasileiros já foram campeões mundiais de boxe?

A exclusiva lista de brasileiros campeões mundiais de boxe conta com apenas nove nomes. O a entrar na lista foi Robson Conceição que derrotou O’Shaquie Foster por decisão dividida, tornando-se o campeão super-pena do Conselho Mundial de Boxe (WBC), menos de dois meses atrás. Essa trajetória, que agora tem um novo capítulo escrito pelo pugilista baiano, começou em 1960 com Éder Jofre e inclui figuras como Miguel de Oliveira, Acelino “Popó” Freitas e Bia Ferreira.

Éder Jofre

O primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial de boxe, nasceu em São Paulo em 1936. Com um impressionante cartel profissional de 81 lutas, das quais 75 foram vitórias (52 por nocaute), quatro empates e apenas duas derrotas, o “Galinho de Ouro” conquistou o primeiro título mundial do Brasil em 18 de novembro de 1960. Aos 24 anos, em uma luta realizada no auditório Olímpico em Los Angeles, Jofre nocauteou o mexicano Eloy Sanchez no sexto round, garantindo o título de peso-galo pela Associação Mundial de Boxe (WBA).

Jofre manteve sua trajetória vitoriosa e, posteriormente, unificou os títulos do peso-galo. Em 18 de janeiro de 1962, em São Paulo, ele nocauteou o irlandês John Caldwell, então campeão europeu, no décimo round, alcançando um feito que mais tarde seria reconhecido como o título do Conselho Mundial de Boxe (WBC). O campeão brasileiro permaneceu no topo da categoria dos galos por cinco anos. Éder Jofre faleceu em outubro de 2022, aos 86 anos.

Miguel de Oliveira

Inspirado por Éder Jofre e também natural de São Paulo, Miguel Oliveira conquistou o título de campeão mundial de boxe aos 28 anos, em 1975. Após duas tentativas frustradas contra o japonês Koichi Wajima, ele finalmente alcançou o título ao derrotar o espanhol José Duran por pontos após 15 assaltos, em uma luta realizada no estádio Louis II, em Mônaco.

Com essa vitória, Miguel conquistou o cinturão dos médio-ligeiros do Conselho Mundial de Boxe. O brasileiro ainda defendeu com sucesso seu título na primeira defesa, contra o americano Don Cobbs.

Miguel Oliveira encerrou sua carreira no boxe com um recorde de 45 vitórias (28 por nocaute), cinco derrotas e um empate. Ele faleceu em outubro de 2021, aos 74 anos, após uma batalha contra o câncer de pâncreas.

Popó

Aos 48 anos, Acelino “Popó” Freitas, natural de Salvador, Bahia, é tetracampeão mundial de boxe em duas categorias, superpena e leve. Considerado o maior nome da história do Brasil na modalidade, Popó conquistou títulos internacionais nas quatro principais organizações de boxe do mundo: WBO, WBA, WBC e IBF. Ele ainda defendeu seus títulos em mais de dez ocasiões consecutivas, mantendo uma invencibilidade de mais de cinco anos, um feito extraordinário que lhe garantiu o status de Supercampeão Mundial Unificado.

Acelino “Popó” Freitas conquistou seu primeiro título mundial em 7 de agosto de 1999, na França, mantendo um cartel invicto com 20 vitórias. Com um nocaute devastador em apenas 1 minuto e 41 segundos do primeiro round, Popó derrotou o então campeão Anatoly Alexandrov, do Cazaquistão, conquistando o título superpena da Organização Mundial de Boxe (WBO).

Atualmente, Popó tem se envolvido em duelos com celebridades. Em janeiro de 2022, enfrentou Whindersson Nunes, e em setembro do mesmo ano, nocauteou Pelé Landi, ex-lutador de MMA. No Fight Music Show de agosto, ele também venceu o youtuber Junior Dublê, e mais recentemente, em fevereiro, nocauteou em apenas 33 segundos o ex-BBB Kleber Bambam.

Waldemir Sertão Pereira

Valdemir “Sertão” Pereira, o quarto brasileiro campeão mundial de boxe, tem 48 anos e reside em Cruz das Almas-BA, a cidade onde nasceu. Sua carreira no boxe foi curta, mas marcante. Em 21 de janeiro de 2006, aos 31 anos, Sertão conquistou o título mundial dos penas pela Federação Internacional de Boxe (IBF) ao vencer por pontos o tailandês Fahprakorb Rakkiatgym, em uma luta realizada nos EUA.

No entanto, sua primeira defesa do cinturão, realizada cinco meses depois, terminou em derrota quando foi desqualificado no oitavo round por Eric Aiken. Sertão tentou uma revanche contra Aiken em março de 2007, mas um exame médico impediu a luta.

Após o ocorrido, ele se afastou do boxe, sem investigar a fundo o exame que fora considerado “inconclusivo” pelos organizadores. Seu cartel é de 24 vitórias (15 por nocaute) e apenas uma derrota, que aconteceu em sua última luta.

Rose Volante

Outra lutadora paulista notável é Rose Volante, que foi a primeira mulher brasileira a conquistar um título mundial de boxe. Aos 41 anos, ela se tornou campeã mundial peso-leve da Organização Mundial de Boxe (WBO) em dezembro de 2017, ao vencer por pontos a argentina Brenda Carabajal.

Rose fez sua primeira defesa do título em Santos, em abril de 2018, derrotando a panamenha Lourdes Borbua, que desistiu antes do início do sexto round. Em setembro do mesmo ano, ela conquistou outra vitória ao nocautear Yolis Marrugo no terceiro round, em Praia Grande. Rose perdeu o título em março de 2019, ao ser nocauteada por Katie Taylor. Com um cartel de 15 vitórias e apenas uma derrota, hoje ela se dedica a dar aulas de boxe.

Patrick Teixeira

Patrick Teixeira, natural de Sombrio, Santa Catarina, conquistou o título mundial em 30 de novembro de 2019. Na ocasião, ele derrotou o então invicto Carlos Adames por decisão unânime em Las Vegas, EUA, garantindo o cinturão interino dos super-meio-médios da Organização Mundial de Boxe (WBO).

Após a vitória, Patrick Teixeira foi oficialmente reconhecido como campeão linear da WBO, uma vez que o mexicano Jaime Munguía, então campeão dos super-meio-médios, havia abdicatedo do cinturão para mudar de categoria. No entanto, em fevereiro de 2021, Patrick perdeu o cinturão para o argentino Brian Carlos Castano na sua primeira defesa, após não ter competido em 2020 devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.

Atualmente com 33 anos, Patrick tem um cartel de 34 vitórias e 5 derrotas. Após a perda do título, ele sofreu mais duas derrotas em 2022, mas recuperou-se no final do ano com uma vitória por nocaute sobre Adrian Perez.

Teixeira voltou ao ringue em agosto, nocauteando o argentino Carlos Rivero, e em março deste ano, derrotou o venezuelano Edisson Saltarín com um nocaute. Recentemente, o brasileiro disputou o cinturão americano super-meio-médio, versão NABO da Organização Norte-Americana de Boxe, contra Xander Zayas, mas foi dominado pelo adversário.

Danila Ramos

Danila Ramos, natural de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, conquistou o título interino da categoria superpena da Organização Mundial de Boxe (WBO) em agosto deste ano. A vitória veio após um combate em Buenos Aires contra a argentina Brenda Carabajal.

Após dez assaltos, a decisão foi definida pelos juízes. Em uma decisão dividida, Danila, que atualmente treina e reside com a família na Argentina, levou a melhor com as pontuações de 97-92, 92-96 e 95-93, garantindo assim o primeiro título mundial de sua carreira.

Aos 38 anos, Danila Ramos possui um recorde de 15 lutas desde que entrou no boxe profissional em 2017, com 12 vitórias. Antes de conquistar o título interino, ela havia acumulado duas derrotas em suas tentativas anteriores pelo título mundial. Em outubro, Danila voltou ao ringue e enfrentou a supercampeã Amanda Serrano, sofrendo uma derrota.

Embora tenha perdido, Danila fez história ao lado da portorriquenha. Foi a primeira vez que uma disputa de cinturão mundial feminino de boxe contou com 12 assaltos de três minutos. Ambas as lutadoras mostraram grande resistência e energia até o último round, demonstrando que as mulheres podem competir em igualdade com os homens em termos de duração de combate. No final, Serrano manteve com sucesso seus cinturões mundiais do peso-pena e venceu por decisão unânime dos juízes, com todos os cartões marcando 120-108.

Bia Ferreira

Há pouco mais de dois meses, em Liverpool, Inglaterra, Bia Ferreira conquistou o título mundial de boxe. Aos 31 anos e medalhista olímpica, ela derrotou a argentina Yanina Lescano por nocaute técnico no sexto round, garantindo o cinturão vago do peso-leve (até 61 kg) da Federação Internacional de Boxe (IBF). Naquele momento, os juízes já estavam marcando a luta a favor de Bia, com os cartões indicando 59-55, 59-55 e 58-55.

Em novembro de 2022, após o êxito olímpico em Tóquio, onde conquistou a medalha de prata, Beatriz Ferreira fez sua estreia no boxe profissional, vencendo a compatriota Tayna Cardoso por decisão unânime. Desde então, ela realizou mais três lutas, saindo vitoriosa em todas, mantendo-se invicta. Agora, Bia Ferreira se prepara para os Jogos Olímpicos de Paris neste mês, onde fará sua despedida do boxe amador para se dedicar integralmente à carreira profissional.

Robson Conceição

O mais recente integrante da lista é Robson Conceição, baiano treinado pelo mestre Luiz Dórea na academia Champions, em Salvador. Após quatro tentativas, Robson conquistou o tão desejado cinturão super-pena (até 58,97kg) do Conselho Mundial de Boxe. Aos 35 anos, o brasileiro finalmente alcançou seu objetivo ao vencer O’Shaquie Foster por decisão dividida, depois de duas derrotas e um empate em disputas de cinturão.

Em setembro de 2021, Robson Conceição perdeu por pontos para Oscar Valdez em uma luta onde muitos acreditaram que ele merecia a vitória. Um ano depois, foi derrotado por Shakur Stevenson, também por decisão dos juízes. Em novembro de 2023, Robson empatou com Emanuel Navarrete, que manteve o título. Agora, com um cartel de 19 vitórias, duas derrotas e um empate, Robson ainda busca consolidar sua posição no boxe.

Robson já havia feito história ao conquistar a medalha de ouro olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

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