Michael Bisping admitiu recentemente que não foi totalmente honesto com as comissões atléticas durante os últimos anos de sua carreira no MMA. Após ser nocauteado por Vitor Belfort em 2013, Bisping sofreu um descolamento de retina que o deixou competindo com visão limitada em um dos olhos em suas últimas 11 lutas — incluindo sua vitória pelo título dos médios no UFC 199 contra Luke Rockhold.
No JAXXON Podcast, Quinton Jackson perguntou a Bisping como ele conseguiu passar pelos exames médicos exigidos para competir no octógono. O ex-campeão foi direto:
“Eu menti descaradamente em todos os testes”, revelou Bisping. “Eu e [meu técnico Jason] Parillo até criamos um código idiota. Eu passava nos testes de alguma forma, mas, mesmo no dia da pesagem, quando a comissão queria verificar minha visão, eu ficava apavorado. Na época, eu não usava o olho de vidro — isso só aconteceu há alguns anos. Meu olho parecia terrível, claramente não era saudável.”
Bisping descreveu o medo constante de ser impedido de lutar
“Os médicos só precisavam cobrir o olho e perguntar, ‘Quantos dedos?’ Aí eu estaria ferrado. Cada campo de treinamento era um pesadelo mental. Eu investia tanto tempo e dinheiro, me dedicava ao máximo, voava para diferentes lugares, e o estresse era imenso. Eu temia ser retirado da luta um dia antes do evento. Quando eu passava pelas pesagens, era como um alívio gigantesco. Pensava: ‘Agora é só lutar. Não me importo mais, estou pronto para a guerra.’
Apesar da adversidade, Bisping venceu sete de suas últimas 11 lutas após a lesão, incluindo uma defesa de título bem-sucedida contra Dan Henderson no UFC 204, apenas meses após conquistar o cinturão em 2016. Ele perdeu o título para Georges St-Pierre no UFC 217 em novembro de 2017 e encerrou sua carreira três semanas depois, após ser nocauteado por Kelvin Gastelum no UFC Fight Night 122 na China.
Bisping também detalhou a estratégia que utilizava com seu técnico caso a comissão cobrisse seu olho durante os exames.
“Eu disse ao Parillo: ‘Se ele cobrir o olho, tossa para um dedo, boceje para dois’. Fizemos isso algumas vezes, mas, para ser honesto, eles nunca chegaram a testar. Sempre perguntavam: ‘Você consegue enxergar com esse olho?’ E eu respondia: ‘Sim’, e eles diziam: ‘OK’.”
De forma bem-humorada, concluiu:
“Eu dizia: ‘Visão 20-20 aqui, irmão’.”