O UFC 310 traz quatro campeões, atuais ou antigos, mas apenas dois figuram no card principal: Alexandre Pantoja, que lidera o evento, e o ex-campeão interino dos pesos-pesados, Ciryl Gane, que enfrentará Alexander Volkov em uma revanche.
Por outro lado, o ex-campeão dos médios, Chris Weidman, aparece como a quinta luta das preliminares iniciais, enquanto o ex-dono do cinturão dos galos, Aljamain Sterling, está apenas duas posições acima no card preliminar. A decisão causou insatisfação em Sterling, que é amplamente reconhecido como um dos maiores nomes da história da divisão de 135 libras. Além disso, sua luta contra Movsar Evloev tem potencial para definir um novo desafiante na divisão dos penas, o que só intensifica a polêmica sobre sua colocação.
O veterano do UFC, Matt Brown, que já ocupou diferentes posições no card ao longo da carreira, entende a frustração de Sterling. Segundo ele, embora o UFC argumente que lutar nas preliminares da ESPN internacional pode alcançar uma audiência maior do que um pay-per-view, para os lutadores, a posição no card também reflete respeito e status.
“Quando somos colocados no card principal, sentimos que pensam mais de nós. Nas preliminares, parece um rebaixamento,” disse Brown no podcast The Fighter vs. The Writer.
Weidman e Sterling “rebaixados” no card preliminar
Para ele, essa sensação é ainda mais evidente no caso de ex-campeões como Sterling e Weidman, que alcançaram um nível de prestígio que a maioria só pode sonhar. Com ambos enterrados nas preliminares, o problema se agrava, já que o público na T-Mobile Arena, em Las Vegas, tende a chegar atrasado. Isso significa que eles podem lutar diante de arquibancadas praticamente vazias.
“A maior diferença é que, no card principal, há mais público. Todos nós queremos lutar diante de uma multidão lotada, barulhenta. Quando você é Chris Weidman ou Aljamain Sterling, se sente rebaixado. Eu garanto. Dá a sensação de que você está saindo de cena e que não estão mais investindo em você,” afirmou Brown.
Embora o UFC raramente explique como organiza os cards, Brown acredita que essa percepção de desvalorização é difícil de ignorar para os lutadores. Ele destacou que, mesmo quando foi destaque das preliminares, a sensação não era a mesma de estar no card principal.
“No fundo, você sente que está subindo no card, como um sistema de faixas no jiu-jitsu. Mas não acho que o UFC veja dessa forma. Eles não estão pensando ‘vamos colocá-lo nas preliminares porque não gostamos de você’. Ainda assim, a posição afeta a maneira como nos sentimos.”
Apesar do incômodo, Brown admite que, no fim das contas, o trabalho é o mesmo, independentemente da posição no evento. Ele acredita que Sterling e Weidman têm a mesma mentalidade, mas reconhece que a sensação de injustiça pode ser difícil de ignorar.
“No final, você recebe o mesmo pagamento, a menos que seja o evento principal e ganhe um bônus. Mas você tem que colocar essa questão de lado, sair e se apresentar. É o que sempre fiz,” completou.